DE UM MUNDO GLOBAL A UM PROCESSO ELEITORAL: REFLEXÕES SOBRE AS ELEIÇÕES 2014 PARA O BRASIL E A BAHIA

26/08/2014 18:49


Por Tássio B. Cunha*


Presidente Prudente-SP


Inverno 2014

         
Muito se tem assistido notícias sobre eleições para governador no Estado da Bahia nos últimos meses, sobretudo quando a chapa oposicionista decidiu relançar o ex governador Paulo Souto como candidato a governador mais uma vez. Cantando vitória antes das eleições como está sendo de praxe nos últimos
pleitos com as pesquisas do Instituto Ibope, no entanto agora mais animados com o prefeito de Salvador ACM Neto, o principal apoiador político, sendo o mais aprovado entre as capitais brasileiras. O clima de já ganhou enaltece os carlistas (simpatizantes do velho ACM) de plantão mais uma vez, sobretudo quando estão enfrentando um candidato do governo altamente desconhecido pela imensa maioria da população pobre, miserável, analfabeta da Bahia. 

     
    Digo que a Bahia e o Brasil andaram contrários ao mundo nesses últimos 7 anos de governo do PT no Estado. A ONU anunciou a meses atrás que aumentaram o número de famintos, desempregados, sem teto, etc., no planeta. A Bahia foi o Estado no Brasil que mais reduziu a pobreza extrema, no entanto ainda somos em números os campeões do país em analfabetismo, miserabilidade, migração, etc. Isso é herança do presente que avançou ou do passado que construiu "com um chicote na mão e o dinheiro na outra"? "Antes
da educação a matança da fome", disse o eterno Ariano Suassuna. Essa autêntica frase de um celebre pensador faz refletirmos sobre outras políticas de Estado de transferência de renda criticadas historicamente por ACM Neto e C&A. O Brasil sai de 33% da sua população pobre em 2003 e chega a marca de 3,5% no início de 2014, a taxa de desemprego atinge 4,9% nas principais regiões metropolitanas (a menor da história), o brasileiro marca a última década como a que mais viajou para lazer, maior construção de escolas técnicas e
universidades, jovens formados em nível superior e técnico, diminuição de cerca de 17% no déficit habitacional, etc etc etc. Uma posição na minha mente é clara, andamos contrário ao mundo e avançamos em políticas essenciais para darmos continuidade a vida nessa "cultura ocidental que vivemos". 

     
    Falhas são diversas, discurso de revolucionário com ações de ditador, como na greve dos professores da rede estadual de ensino é evidente, é necessário reconhecer e se indignar-se. Mas temos que termos a racionalidade que ninguém governa sozinho! Justiça - A Bahia é o Estado com o maior número de
prefeitos cassados e a justiça baiana é a mais lenta em julgamento de crimes eleitorais; Polícia - A polícia brasileira é a que mais mata no mundo, mata mais que na ditadura militar e a polícia baiana é a que mais mata no Brasil; Assembleia Legislativa - Já pararam para pensar quem são os 63 deputados estaduais, quem eles representam? Quais suas "bandeiras", reivindicações? Prefeitos, vereadores, etc. Muitos irão berrar - TODOS
BANDIDOS! Chamo para mais uma reflexão: será se só existissem bandidos no Estado brasileiro avançaríamos? Não estou defendendo partido de A e B, só quero chamar atenção que existe muita gente boa tentando fazer política séria nesse Brasil e são esses, junto ao povo unido e organizado que são os reais
responsáveis por essas conquistas de cunho social que tivemos nos últimos tempos. Acreditem, tem muita gente boa que os 7 grandes grupos elitistas que dominam a imensa maioria dos meios de comunicação do Brasil não mostra.

     
     O discurso de embate agora se voltou a questões econômicas, sobretudo relacionadas ao PIB e a inflação. A crise mundial é evidente, "poucos com muito" e "diversos com muito pouco". Uma crise de acumulação com tendência a aprofundar e atingir principalmente os mais necessitados. Quase 50% da arrecadação brasileira vai para pagamento de juros de dívidas impagáveis, como o país e o mundo é extremamente dependente de
capital externo e privado e precisamos "arcar com nossos compromissos" alicerçados décadas atrás, acreditem! Temos uma "peste" pior que a corrupção no nosso Brasil. Essa é um pouco da estrutura de mundo que vivemos, onde 1% da população global detém 45% da riqueza mundial, 85 pessoas controlam a renda de 3,5 bilhões de pessoas (ONU, 2013). O crescimento desacelerou, é verdade! Mas é incrível como passa ano sai ano e o consumo sempre vem aumentando. O que faz mover essa contradição? Não é tão simples explicar, mas o fortalecimento do mercado interno onde "os bolsões de miséria" tiveram acesso a renda e isso se construiu microcircuitos econômicos entre pobres-médios e ricos faz parte desse efeito. A inflação entre 5,5% e 6,5% é bastante diferente de quase 13% em 2003.

     
     Finalizo dizendo que não é fácil governar com essa estrutura de mundo presente no congresso nacional, nas assembleias legislativas, prefeituras, câmeras de vereadores, fóruns, etc., onde os amigos são mínimos e os interesses são imensos. É preciso acreditar e sobretudo acompanhar para conhecer quem estar mais do seu lado e escolher em quem votarás. Aqueles que por meio da militância tomaram o Estado, mesmo com muitos atropelos conseguiram construir reais avanços para o povo ou outros, que construíram ilhas de prosperidade ao lado de arquipélagos de miséria. Vocês decidem! Acredito eu, que na Bahia e no Brasil no momento, se está ruim com PT, pior sem o PT será.

* Tássio Barreto Cunha é doutorando em Geografia - FCT/UNESP



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