Grande Sertão: Tristezas
GRANDE SERTÃO: TRISTEZAS
Entre caatingas cactos e castigos
Eis o sertão,
Possibilidade de discurso fadado ao
esquecimento,
Fantasia.
Eis que vejo crianças e mulheres
que tapam buracos no caminho,
Passatempo para esquecer a fome?
Enquanto os carros passam pela
paisagem em fogo
O horizonte reflete os montes e
abre-se em terra de bravura,
Abnegados santos e trapos.
Lá na Bahia que alguns dizem ser a
terra da magia
Para aquele povo é sofrimento e
agonia.
Tudo ao acaso.
O menino caminha e olha bem ao
alto,
Onde estrelas luzem em eterna folia
A vida do povo que reza em
procissão.
O chão batido, cortado, anuncia
outro dia.
Possibilidade de discurso,
Eis o sertão,
Quando a chuva verte suas águas
Entre caatingas cactos e castigos,
O verde dos olhos lacrimeja a
solidão.
De santos e abnegados,
O sertão festeja sua sina.
Ângelo Augusto
Foi escolhido como vencedor no 3º Concurso de Poesia do Sindicato dos Bancários da Bahia - Premio Elisa Lucinda e publicado na coletânea do concurso.