Grande Sertão: Tristezas

23/06/2014 10:35

GRANDE SERTÃO: TRISTEZAS

Entre caatingas cactos e castigos

Eis o sertão,

Possibilidade de discurso fadado ao
esquecimento,

Fantasia.

Eis que vejo crianças e mulheres
que tapam buracos no caminho,

Passatempo para esquecer a fome?

Enquanto os carros passam pela
paisagem em fogo

O horizonte reflete os montes e
abre-se em terra de bravura,

Abnegados santos e trapos.

Lá na Bahia que alguns dizem ser a
terra da magia

Para aquele povo é sofrimento e
agonia.

Tudo ao acaso.

O menino caminha e olha bem ao
alto,

Onde estrelas luzem em eterna folia

A vida do povo que reza em
procissão.

O chão batido, cortado, anuncia
outro dia.

Possibilidade de discurso,

Eis o sertão,

Quando a chuva verte suas águas

Entre caatingas cactos e castigos,

O verde dos olhos lacrimeja a
solidão.

De santos e abnegados,

O sertão festeja sua sina.

                               

                                   Ângelo Augusto

Foi escolhido como vencedor no 3º Concurso de Poesia do  Sindicato dos Bancários da Bahia - Premio Elisa Lucinda e publicado na coletânea do concurso.