Moro: "super herói" político ou oportunista?
O SUPER-HERÓI?
Nem mesmo nos filmes de comédia, os super-heróis encerram os seus trabalhos convocando os seus subordinados, o público e a imprensa para anunciar as suas trapalhadas, a sua arrogância, a sua vaidade, o seu arrependimento e o seu fracasso.
Hoje (24/04/2020), o Brasil viu um dos seus "super-heróis" fazer exatamente isso.
Em coletiva de imprensa que durou cerca de 40 minutos, Sérgio Moro iniciou exibindo a sua vaidade e a sua arrogância exigindo silêncio da plateia para ouvi-lo gabar-se do seu histórico de praticante do lawfare à frente da operação Lava-Jato e das suas políticas e ações de caráter punitivista à frente do Ministério da Justiça.
Durante a coletiva, além de gabar-se, Sérgio Moro reconheceu a farsa na qual sempre esteve fundado o governo do qual ele participou desde o dia primeiro de janeiro de 2019 até o dia de hoje. A farsa do combate à corrupção e à criminalidade foi denunciada por ele quando assegurou a necessidade que o presidente Jair Bolsonaro sempre manifestou em indicar um superintendente da Polícia Federal que atendesse aos seus interesses pessoais.
O ex-juiz, na mesma coletiva de imprensa, também reconheceu a trapalhada que fez em trocar a estabilidade no judiciário pela incerteza do seu destino no Ministério da Justiça. Reconheceu ainda a insegurança relacionada ao seu futuro no Ministério quando revelou que o único pedido que fez ao presidente Jair Bolsonaro para assumir a pasta da Justiça foi uma pensão para a sua família (confesso que fiquei assustado ao ouvir isso porque ele, a sua esposa e os seus apoiadores são aqueles que defendem a meritocracia e o afastamento do Estado da vida das pessoas).
Por último, reconheceu o seu fracasso quando renunciou à pasta (Ministério da Justiça) que, por natureza, não lhe proporcionou usar a lei ou o poder do Estado para perseguir adversários impossibilitados (pelo próprio Estado) de se proteger. Reconheceu o seu fracasso quando se percebeu na condição de pessoa comum incapaz de se apropriar do aparato legal para atender às suas demandas ideológicas e pessoais.
Ah! A cena final da coletiva de imprensa foi marcada por sua saída fingidamente apressada e decepcionada, que deve ter encontrado um ligeiro conforto nos aplausos de uma plateia que lhe era completamente submissa.
Diferente daquilo que ocorre nos filmes, o "super-herói" do mundo real não tem a capacidade e nem o poder de escrever as cenas e, muito menos, definir o seu tão desejado final feliz.
Pedro Everton dos Santos (24/04/2020)