O Debate e o Legado de Paulo Souto

29/08/2014 08:46

Depois do debate dos candidatos ao governo da Bahia ficou clara a posição do candidato do DEM, Paulo Souto. O ex-governador limitou-se a atacar o candidato Rui Costa, do PT, e quando era questionado por atos realizados durante os seus dois mandatos, demonstrava clara irritação, comportamento comum dos artífices do carlismo.

O candidato do PSOL, Marcos Mendes, perguntou a Souto sobre a "sala secreta" da Secretaria de Segurança
Pública, ele nada respondeu. Perguntou-lhe, ainda, sobre a polêmica afirmação de Souto sobre o Hospital de Alagoinhas, que o ex-governador afirmou ter construído, quando na verdade, reformou. Era melhor não ter respondido, a emenda saiu pior que o soneto. Paulo Souto, demonstrando imensa irritação, afirmou que tinha encontrado o hospital completamente destruído. Esqueceu-se o nobre candidato, que os governadores que lhe antecederam eram do seu grupo político: Antônio Carlos Magalhães e César Borges.

Além de não ter apresentado qualquer projeto de governo, Paulo Souto ainda deixa um triste legado dos seus
governos anteriores.

1. O então secretário de segurança da Bahia (2002 - 2003), general Edson Sá Rocha, foi acusado pelo
Ministério Público Estadual de ter mandado que denúncias fossem "esquecidas" na "sala secreta" da SSP. As denúncias envolviam desvio de recursos municipais, apropriação de recursos públicos, falsificação de documentos e homicídios. Rocha teve prisão decretada em Alagoas (2012), onde era secretário de Defesa Social, sob a acusação de envolvimento numa fraude de 4 milhões de reais em compras de alimentos para presídios no Estado. Durante os governos de ACM e Paulo Souto, dez jornalistas foram assassinados. Todos após denúncias contra o governo, e nada foi apurado.

2. Era o governador (2003) quando explodiram as denúncias de aparelhamento da Secretaria de Segurança Pública para comandar o sistema de grampos telefônicos encomendados pelo seu chefe Antônio Carlos Magalhães. Um ato de autoritarismo que lembra a Ditadura Militar.

3. Paulo Souto, em 2006, doou a Ilha do Urubu, que fica em local valorizadíssimo de Porto seguro, aos herdeiros da família Martins. Quatro meses depois, a ilha foi vendida por apenas um milhão a Preciado, envolvido em caixa dois, juntamente com Daniel Dantas, as privatizações de FHC. Operação ilegal, já que os Martins, como posseiros, não poderiam fazer a venda antes de cinco anos da doação. Óbvio que essa família
sofreu toda sorte de intimidação e pressão para que o negócio fosse realizado. Mais um ano e a ilha foi vendida a um especulador belga: Phillipe , por doze milhões de reais. Detalhe importante: o terreno valia cinquenta milhões. Não custa lembrar que Gregório Marin Preciado é casado com a prima de Serra.

4. Jornalista
afirma que casos Ilha do Urubu e privatização da Coelba estão comprovados

O autor do livro "A Privataria Tucana", Amaury Ribeiro Júnior, que participou nesta quinta-feira (2), em Salvador, de uma discussão sobre a publicação, reafirmou, em entrevista ao Bahia Notícias, que o processo de privatização da Coelba (1997) e a doação das terras da Ilha do Urubu (2006), em Porto Seguro, foi conduzido através de "esquemas de corrupção e pagamento de propina". Os dois casos são citados em sua publicação. "No que diz respeito à Bahia, as denúncias são baseadas em documentos da CPI do Banestado. Esses documentos mostram que o homem que definiu o processo de
privatização da Coelba aqui na Bahia, Ricardo Sérgio Oliveira, recebeu propina do lobista do grupo Iberdrola, vencedora do processo, Gregório Marin Preciado. O dinheiro saiu de uma casa de câmbio na Espanha e, através de uma rede de doleiros do Banestado, foi depositado em uma offshore de Ricardo Sérgio no exterior", disse. Ainda segundo o jornalista, tudo isso já está comprovado. "Já se sabia que tudo isso foi conduzido com esquema de propina e corrupção, mas agora está comprovado. O homem que levou o dinheiro da Previ (Banco do Brasil), que foi fundamental para o consórcio espanhol ganhar o processo, depois ganhou dinheiro de propina. Toda essa transação contou com a participação do governo estadual, através do elo entre o partido (PFL) e o PSDB nacional, através de Ricardo Sérgio, que era sócio de José Serra".